quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O amanhã - Aos lutadores do Poder Judiciário - 58 dias de greve

O amanhã

“O que será o amanhã? Como vai ser o meu destino? Já desfolhei o mal-me-quer. Primeiro amor de um menino...”

Caros colegas,Os versos da música “o amanhã” de autoria do sambista João Sérgio, sucesso na voz de Simone, refletem as dúvidas que rondam sobre nossas cabeças. O que irá acontecer amanhã na ALERJ? Será que teremos nossos direitos respeitados? O projeto será aprovado na íntegra?As dúvidas serão dissipadas amanhã. Entretanto, a certeza que povoa as nossas mentes deve ser a da cabeça erguida, do peito estufado e do coração tranqüilo. Até aqui fizemos o que devia ser feito. Carregaremos no peito a medalha da luta e do enfrentamento coerente, correto, legal e justo.
  • Não há derrota para quem não abaixou a cabeça para as injustiças
  • Não há derrota para quem manifestou a sua indignação.
  • Não há derrota para quem assumiu o risco do confronto com o poder.
  • Não há derrota para quem mostrou que as incoerências dos poderosos não receberão nosso aval silencioso e passivo.
  • Não há derrota para quem abriu mão de sua vida pessoal em troca da militância viva, alegre e forte.
  • Não há derrota para quem foi de encontro aos interesses de uma direção que envergonha a história de luta da OAB.

O PERCENTUAL DO REAJUSTE E O RESPEITO À DATA-BASE SÃO APENAS REFERENCIAIS DO TAMANHO DA NOSSA VITÓRIA E NÃO DA NOSSA DERROTA, POIS ESSA ACABOU NO MOMENTO QUE ENCOSTAMOS A CADEIRA NA MESA, LARGAMOS A CANETA, GUARDAMOS OS CARIMBOS E FOMOS PARA A GREVE.

Um grande abraço a todos os lutadores, que inconformados foram para arena da greve em defesa dos nossos direitos.

Nova Iguaçu, 18 de novembro de 2008.
Wagner Cordeiro

domingo, 2 de novembro de 2008

O capitalismo está dando errado para quem ele tem que dar certo.

A crise econômica atual trouxe para o cotidiano do povo brasileiro expressões até então pouco conhecidas ou totalmente desconhecidas, tais como: A-prime, subprime, hipoteca, entre outros termos. Os cidadãos comuns já conversam, entre um gole de café e uma mordida no pão na chapa, sobre o estado de putrefação da economia americana. Sabem que os efeitos dessa crise serão sentidos mais intensamente, mas não entendem a surpresa, pois enfrentam todos os dias dificuldade para garantir saúde, educação de qualidade para seus filhos. Sentem na pele a dificuldade de colocar comida boa na mesa, quando colocam alguma comida na mesa. Suportam todos os dias a insegurança que é viver num estado refém do tráfico e das milícias, que transitam entre o poder com uma naturalidade ameaçadora que só não é pior que a conquista de cargos eletivos por essa gente, que talvez transforme presídios em gabinetes. Não é difícil imaginar um juiz tendo que interromper um interrogatório para que o réu possa despachar junto aos seus assessores(ou cúmplices?) documentos que tratam de importantes questões municipais, estaduais ou federais.
Não há novidade para o trabalhador. A crise econômica está há muito tempo instalada na vida da maior parte do povo brasileiro. As favelas cariocas denunciam todos os dias a crise de um modelo econômico excludente e impiedoso com a classe trabalhadora. Os locais mais humildes da Baixada e do restante do estado são exemplos fluminenses de uma realidade dissolvida na sociedade brasileira, decorrente de políticas econômicas subservientes ao capital internacional e que impõem restrições enormes a nossa sociedade.
Temos então que dar os nomes certos para os fatos. O que chamam de crise econômica atual, é na verdade o capitalismo dando errado para quem ele tem que dar certo. O que ocorrerá com a classe trabalhadora é a intensificação dos efeitos desse modelo econômico que não a atende.
O pior é que crises como esta podem gerar não uma organização da classe trabalhadora, mas sim um crescimento da ultra-direita, tendo em vista a desorganização da esquerda na construção de uma atuação incisiva contra o capitalismo, decorrente, entre outros motivos, do encolhimento das idéias marxistas com a queda do leste europeu e com a campanha da mídia em favor das políticas neoliberais ao longo da década de 90, logo, a capacidade da esquerda organizar uma resposta à crise é extremamente limitada, mas deve ser buscada de forma racional e programática, construindo mecanismos de reação afinados com as necessidades dos trabalhadores. A economia está globalizada e a crise também, devemos então globalizar a luta dos trabalhadores e construirmos uma resistência ao modelo econômico vigente que submete os trabalhadores a sacrifícios oriundos de prejuízos que não produziram e os afastam das riquezas que todos os dias produzem ao custo de sangue, suor e lágrimas.
Wagner Cordeiro