domingo, 2 de novembro de 2008

O capitalismo está dando errado para quem ele tem que dar certo.

A crise econômica atual trouxe para o cotidiano do povo brasileiro expressões até então pouco conhecidas ou totalmente desconhecidas, tais como: A-prime, subprime, hipoteca, entre outros termos. Os cidadãos comuns já conversam, entre um gole de café e uma mordida no pão na chapa, sobre o estado de putrefação da economia americana. Sabem que os efeitos dessa crise serão sentidos mais intensamente, mas não entendem a surpresa, pois enfrentam todos os dias dificuldade para garantir saúde, educação de qualidade para seus filhos. Sentem na pele a dificuldade de colocar comida boa na mesa, quando colocam alguma comida na mesa. Suportam todos os dias a insegurança que é viver num estado refém do tráfico e das milícias, que transitam entre o poder com uma naturalidade ameaçadora que só não é pior que a conquista de cargos eletivos por essa gente, que talvez transforme presídios em gabinetes. Não é difícil imaginar um juiz tendo que interromper um interrogatório para que o réu possa despachar junto aos seus assessores(ou cúmplices?) documentos que tratam de importantes questões municipais, estaduais ou federais.
Não há novidade para o trabalhador. A crise econômica está há muito tempo instalada na vida da maior parte do povo brasileiro. As favelas cariocas denunciam todos os dias a crise de um modelo econômico excludente e impiedoso com a classe trabalhadora. Os locais mais humildes da Baixada e do restante do estado são exemplos fluminenses de uma realidade dissolvida na sociedade brasileira, decorrente de políticas econômicas subservientes ao capital internacional e que impõem restrições enormes a nossa sociedade.
Temos então que dar os nomes certos para os fatos. O que chamam de crise econômica atual, é na verdade o capitalismo dando errado para quem ele tem que dar certo. O que ocorrerá com a classe trabalhadora é a intensificação dos efeitos desse modelo econômico que não a atende.
O pior é que crises como esta podem gerar não uma organização da classe trabalhadora, mas sim um crescimento da ultra-direita, tendo em vista a desorganização da esquerda na construção de uma atuação incisiva contra o capitalismo, decorrente, entre outros motivos, do encolhimento das idéias marxistas com a queda do leste europeu e com a campanha da mídia em favor das políticas neoliberais ao longo da década de 90, logo, a capacidade da esquerda organizar uma resposta à crise é extremamente limitada, mas deve ser buscada de forma racional e programática, construindo mecanismos de reação afinados com as necessidades dos trabalhadores. A economia está globalizada e a crise também, devemos então globalizar a luta dos trabalhadores e construirmos uma resistência ao modelo econômico vigente que submete os trabalhadores a sacrifícios oriundos de prejuízos que não produziram e os afastam das riquezas que todos os dias produzem ao custo de sangue, suor e lágrimas.
Wagner Cordeiro

Um comentário:

Anônimo disse...

Você tem um dom pouco explorado,ou melhor,tb desconhecido de seus pares- o de escrever bem.Continue mostrando sua cara. Um abraço.Carlos Alberto -7 Cr.